22 de fevereiro de 2011

ANÁLISE:MEIO AMBIENTE

22/02/11 ANÁLISE : MEIO AMBIENTE

RETROSPECTIVA - “Chuvas e deslizamentos mudam a geografia da região serrana do Rio de janeiro em janeiro de 2011”

Fazendo uma análise breve e simples poderíamos culpar governos por serem omissos na fiscalização das formas de ocupação e apropriação irregular e predatória da natureza pelo homem que, também, em nome de um desenvolvimento não sustentável polui o ambiente gerando um desequilíbrio do clima global.
O clima em desequilíbrio tem conseqüências e se manifesta de diferentes formas em diferentes espaços geográficos como, estiagens prolongadas como a que ocorreu no Rio Grande do Sul, principalmente na metade sul ou excesso de chuvas no Sudeste do Brasil e na Austrália. Entretanto, o fato natural mais trágico, noticiado e que provocou a maior destruição de todos os tempos ocorreu na região serrana do Rio de Janeiro com chuvas acompanhadas de deslizamento de lama, com assoreamento de rios e soterramentos num saldo de mais de 800 mortos.
A geomorfologia e forma de ocupação da região contribuiu para a tragédia deixando a imagem de dor,de indignação e de reflexão.Dor, pela solidariedade e pelo sentir-se no lugar das pessoas atingidas. A indignação, no momento, não passou desapercebida. Milhões de brasileiros são obrigados a pagar altos valores para a Receita Federal e no momento da tragédia contata-se que a Defesa Civil deixa a desejar, é impotente e despreparada além da anuência das autoridades competentes para com o crescimento urbano anômalo.
O fato trágico remete à reflexão sobre o modelo capitalista onde predomina a “lei da oferta e da procura”,no qual, o poder hegemônico se apropria dos meios de comunicação de ponta para, através da mídia, promover uma sociedade consumista e um crescimento econômico a qualquer preço.
Pergunto:
1) Como o homem, ao longo da história, vem se apropriando da natureza?
2) Como está ocorrendo o crescimento urbano? Existe ou não Plano Piloto? Para que serve então?
3) Será que há tanta necessidade de urbanizar morros, encostas e várzeas inundáveis?
4) Tormentas, chuvas duradouras seriam a conseqüência de uma atmosfera superaquecida pela emissão de gases de efeito estufa?
5) Que Planeta estamos preparando para as futuras gerações? Um Planeta exaurido? Dá para imaginar?
6) Estamos comprometidos com a causa sócio-ambiental? De que forma?
A tragédia mudou a geografia da região. Qual é tua opinião?


GLOSSÁRIO
1) Defesa Civil
No Brasil, é o conjunto de ações preventivas, assistenciais, reconstrutivas, de socorro com o objetivo de evitar ou prevenir ou minimizar os desastres, preservando o moral da população e restabelecer a normalidade social.
2) Estado de Direito
Significa que nenhum presidente ou cidadão comum, está acima da lei. Os governos democráticos exercem a autoridade por meio da lei e estão, eles próprios, sujeitos aos constrangimentos impostos pela lei.O Estado de Direito expressa a vontade do povo.

13 de fevereiro de 2011

O Século XX e a Geografia Atual

O mundo se modificou muito durante o séc. XX. O desenvolvimento de novas ideologias, as duas Guerras Mundiais, o surgimento dos países socialistas, o confronto entre países socialistas e capitalistas, a segunda e a terceira revolução tecnológica foram algumas dessas mudanças. Surgem também, novas correntes de pensamento que procuravam melhor definir a Ciência Geográfica. Vejamos:

a) Max Sorré(1880-1962), francês, desenvolveu a idéia de que a geografia deve estudar as diferentes maneiras com as quais o homem organiza o seu meio. Surge a Ecologia Humana. O desejo de fazer da Geografia, um estudo mais científico, mais aceito como disciplina, levou a adoção da Estatística e da Matemática como recursos de apoio surgindo a Geografia Quantitativa.

b) A segunda metade do séc.XX, foi marcado por revoluções, confrontos, movimentos de libertação, questionamento sobre o sistema mundial de dominação, a gritante desigualdade na distribuição da riqueza pelos países do mundo, grande número de países com grande atraso econômico, países com dominação colonialista ...Yves Lacoste em seu livro “A Geografia – Isso serve, Em Primeiro Lugar para Fazer a Guerra”, critica a Geografia tradicional, dizendo que ela sempre existiu a serviço da dominação d e do poder. Pierre George cria a Geografia Marxista ou Geografia Crítica, com propostas comprometidas com transformações sociais, com as relações entre as sociedades, com o trabalho, com a apropriação dos recursos da natureza, com a produção de espaços diferenciados. A geografia Física passa a ser olhada com os olhos da Geografia Humana. Com Pierre George, A Geografia passa a ter um caráter politizador e de denúncia.

c) Atualmente a Geografia passa por um processo de renovação. Milton Santos propõe a discussão do espaço social, que é histórico, dinâmico e fruto do trabalho e da produção da humanidade. A Geografia estuda o espaço e as relações que nele ocorrem, sendo, portanto, um canal de reflexão para uma ação transformadora, objetivando a construção da cidadania.Sabemos que o espaço geográfico é construído pelo homem com o seu trabalho, porém, não são todos os homens que se beneficiam dos frutos desta construção. Interesses de classe, políticos e econômicos estão presentes, colocando-o a serviço de alguns. Ele propõe a inter-relação entre os elementos socioculturais da paisagem e os elementos físicos e biológicos presentes nela, entendendo a construção do espaço nas diferentes sociedades e as relações entre elas. As relações sociais são o produto histórico que envolve a sociedade, a cultura, a política e a economia.

Podemos concluir que o objeto de estudo da Geografia, durante séculos, anos, décadas foi se transformando de acordo com o conhecimento e as idéias de cada época.

A Geografia Moderna

A partir do séc. XVI, com a formação de novas colônias e com o impulso do comércio colonial, os países europeus substituíram as expedições exploradoras por expedições científicas. Cientistas, naturalistas, botânicos e geógrafos passaram a fazer parte das viagens pra fazer o inventário dos recursos existentes, estudar novas espécies para que elas fossem plantadas e comercializadas.

No séc. XVIII descobrem a Austrália, Nova Zelândia e a Sibéria.

Filósofos como Montesquieu(1689-1755), Kant(1724-1804), Goethe(1749-1832) e Hegel(1770-1831), se preocupam com as questões do espaço com a Geografia Social, buscando a relação entre a humanidade e o meio ambiente. Até então a Geografia seguia duas tendências:

a) confundia os estudos matemáticos sobre a forma e as dimensões da Terra (geodésia), com a Cartografia e com a Astronomia;

b) se preocupava com a descrição de povos, de lugares exóticos, do modo de vida, suas atividades, seus costumes e as relações com os lugares onde viviam.

No séc. XIX quase todas as regiões do mundo eram conhecidas o que permitia uma avaliação mais global do planeta. Então, a Geografia passou a se estruturar como ciência deixando de ser meramente descritiva e passando a explicar os fatos ou fenômenos e suas inter-relações. Humboldt via a Geografia com uma ciência de síntese de todos os fenômenos da Terra. Na Alemanha, os cientistas Humboldt (1769-1859) e Ritter (1779-1859), deram à geografia um método de análise tentando estabelecer as relações entre os fenômenos naturais com a ação da humanidade, sistematizando o conhecimento geográfico e estabelecendo leis। Então, surge a Geografia Moderna com caráter científico e acadêmico sendo produzida e pensada nas universidades.No séc.XIX, é tempo de inventariar o interior dos continentes, de organizar expedições de conhecimento, de fazer mapas, de explorar novos recursos em novas áreas. A Geografia é reconhecida oficialmente e é ensinada nas Escolas. Surgem então, algumas teorias geográficas. Vamos ver o que cada uma delas defendia

a) A Teoria do Positivismo Geográfico, do filósofo Augusto Comte (1798-1857), defendia a idéia de que a ciência geográfica deveria deixar de se apoiar na especulação da origem dos fenômenos e se apoiar apenas na observação, na experimentação e na comparação dos resultados procurando a causa dos fenômenos e formulando leis.Esta teoria influenciou a Geografia Tradicional. A humanidade é apenas um elemento da paisagem e as relações sociais são pouco valorizadas.

b) A Teoria Evolucionista a partir da evolução das espécies, de suas mudanças e variações com Lamarck (1744-1828) e Darwin (1809-1882). Lamarck,acreditava que as espécies evoluíam pelas alterações ocorridas no corpo, por causa do uso e do desuso dos órgãos como resposta a uma adaptação ao meio ambiente. Essas mudanças seriam transmitidas hereditariamente. Darwin, porém, descreveu a influência do ambiente na evolução das espécies e a adaptação dessas espécies no meio ambiente. Darwin,provou que as mudanças ocorrem pela seleção natural e não pela lei do “uso e desuso”, de Lamack.

c) A Teoria do Determinismo Geográfico, desenvolveu-se na Alemanha com Ratzel (1844-1904), que sustentava que as condições ambientais, em especial o clima são capazes de influenciar o desenvolvimento intelectual e cultural das pessoas. Afirmava que nas áreas de clima temperado a população teria um maior desenvolvimento do que nas áreas tropicais quentes e úmidas. Esta teoria, também, tentava explicar os deslocamentos e as conquistas dos povos. Afirmava que os grupos humanos ao crescer, tendem a alargar os seus territórios, ocupando territórios vizinhos. Reforçou a idéia de supremacia racial e influenciou a expansão nazista alemã. Só para lembrar: o nazismo, política expancionista e totalitária da Alemanha liderada por Adolf Hitler (1938), que defendia a idéia de que o país tinha que conquistar o seu “espaço vital”, ou seja, mercados consumidores e fornecedores de matéria- prima (= commodities).Defendia o direito de o povo alemão conquistar o mundo e criar a “Grande Alemanha”, habitada pela raça ariana considerada por eles como raça superior, justificando dessa maneira a perseguição e o extermínio de judeus. Ratzel deu as bases para a Geografia Humana. Criou e desenvolveu o conceito de “espaço vital” no qual relacionava a população com os recursos do seu território. No caso de os recursos serem insuficientes para a população, o progresso natural seria a apropriação de novos territórios. Na realidade esta teoria justificava a expansão imperialista da época... Mais tarde Ratzel passou a considerar as influências das condições culturais e da história na determinação das sociedades e de suas atividades.

d) Teoria do Possibilismo Geográfico, Vidal de La Blache (1845-1918), que afirmava que as pessoas poderiam atuar no meio, modificando-o e determinando o seu desenvolvimento (o meio natural oferece inúmeras possibilidades e a sua utilização depende do uso e dos costumes diferenciados e do desenvolvimento histórico de cada sociedade. Os modos de produção e o comércio permitiriam contatos e a difusão de técnicas e hábitos).La Blache, valorizou a ação humana e definiu a Geografia como “ciência dos lugares” e não dos homens. Região definida como objeto de estudo da Geografia seria o espaço da Geografia Física (meio natural) e a Geografia Humana (o aproveitamento que o homem faz do meio). Ele enfatizou a ocupação do ambiente natural.

Cada região do planeta possuiria uma história e uma individualidade que a diferenciaria de outras regiões. Surge daí a Geografia Regional subdividida em Geografia Urbana, Geografia Econômica, Geografia Humana, Geografia Agrária, Geografia da Indústria e Comércio.

A Evolução Da Geografia

O hábito do nomadismo levava a população pré-histórica a percorrer grandes distâncias, passando por lugares onde as estações do ano,a vegetação, o relevo e os rios eram diferentes o que permitiu um maior conhecimento da superfície do planeta.

Outros povos antigos como finícios, gregos, assírios e egípcios eram navegadores e comerciantes e, em busca de mais territórios, de mercados passaram a conhecer mais os fenômenos naturais e a dominar caminhos terrestres e marítimos. Então os egípcios criaram a Geodésia pela medição de terras.

Eratóstones (276 a.C -194 a.C.), calculou em 39.350 km a circunferência da Terra e a medida correta é de 40.110 Km, no Equador.Chegou a conclusão de que a terra é redonda. Em 240 a.C. escreveu a obra “Tratado Geral de Geografia”.

Os gregos aprenderam muito com os egípcios e dominaram parte do mundo conhecido que na época se restringia ao Mediterrâneo. Deixaram vários escritos sobre suas experiências e vivências geográficas Vejamos alguns exemplos de contribuições deixadas pelos gregos:

a) Estrabão (63 a.C. – 25 d.C.) especulou sobre o formato da Terra; descreveu experiências de viagens e escreveu uma obra de 17 volumes “Geographicae” que serviu para uso militar.

b) Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) concebeu a Terra com uma esfera.

c) Hiparco (190 a.C. – 125 a.C.) criou o sistema de coordenadas geográficas (paralelos e meridianos).

d) Cláudio Ptolomeu (100 d.C. – 178 d.C.) em sua obra “Almagesti” propôs que a Teoria Geocêntrica, em que a Terra seria o centro do Universo e o sol, estrelas, planetas e satélites naturais girariam ao seu redor. Seus estudos influenciaram o mundo por mais de 1500 anos (do séc. II até o séc. XIV).

e) Inventaram o Dioptra conhecido como Astrolábio que servia para medir a altura angular de uma estrela; discutiram a forma da terra e o aperfeiçoamento da Geodésia, classificação dos tipos de climas, descrição de lugares e países, estações do ano e regime dos rios.

Os romanos aproveitaram os conhecimentos geográficos dos gregos com o objetivo prático de demarcação das terras do Império Romano.

Com a decadência do Império Romano no séc.III, os árabes herdaram a geografia grega que foi traduzida para o árabe e os estudos de geografia foram aprofundados.

Durante a Idade Média, as respostas para os questionamentos a respeito do mundo passaram a ser fornecidas pela religião. A geografia perdeu força e quase desapareceu no mundo ocidental nesse período.

Impulsionada por objetivos militares, de expansão e de organização do Império Muçulmano, a geografia se desenvolveu no mundo árabe juntamente com outras áreas como astronomia, matemática e geometria. O árabe Al-Idrisi (1100 – 1166), elaborou um sistema de classificação climática; Ibn Batuta (1304-1368), através de suas viagens descobriu que as regiões quentes do mundo, ao contrário do que se pensava, eram habitáveis. Os povos islâmicos desempenharam um papel importante na expansão geográfica pelos continentes, desde o séc. VII, dominando parte da Ásia, África e da Europa.

Os europeus conheciam o oriente através dos relatos das viagens do venesiano Marco Pólo (1254-1324), ele havia cruzado a Ásia e vivido por 20 anos na China.

Nicolau Copérnico (1473 – 1543), astrônomo polonês que desenvolveu a Teoria Heliocêntrica, considerada o ponto de partida da astronomia moderna publicada na obra “De Revolutionibus orbium coelestium”(Das Revoluções das Esferas Celestes). Na obra “A geografia” se constituiu no primeiro atlas pois mapeou o mundo conhecido na época fornecendo as coordenadas geográficas de lugares importantes. Esta obra serviu de orientação geográfica durante séculos.

Johanes Kepller (1571-1630), determinou a órbita da Terra, e depois, de Marte, comprovando que elas não elas não eram circulares conforme acreditava Copérnico e, sim, eclípticas.

Glileu Galilei (1564-1642), fez o seu próprio telescópio e através dele descobriu o relevo lunar (crateras e elevações), as irregularidades da superfície e de manchas solares, e descobriu que a Via Láctea é composta por uma infinidade de constelações de estrelas. Galileu foi julgado pela inquisição e condenado à prisão perpétua por ter defendido as idéias do herege Nicolau Copérnico que dizia que a Terra era apenas mais um planeta que girava em torno do Sol (teoria heliocêntrica), e, também, por contradizer Aristóteles que afirmava que a Terra se mantinha fixa no espaço não apresentando nenhum tipo de movimento.

Isaac Newton (séc. XVII), deu sua colaboração para a astronomia ao anunciar a Lei da Gravitação Universal, que tem por objetivo explicar o movimento dos corpos celestes. Foi também o inventor do telescópio refletor ou newtoniano.

No final da Idade Média, o comércio antes restrito ao interior dos feudos, começou a ser reativado e se expandiu. As cidades também cresciam. As Cruzadas, expedições religiosas que tinham entre outros objetivos a expulsão dos muçulmanos da Palestina, contribuíram para a expansão européia em direção ao Oriente e para um maior conhecimento do continente asiático. Mas, foi só na época das grandes explorações e conquistas do séc. XV e XVI que o aperfeiçoamento de embarcações e de instrumentos de navegação como a bússola e o astrolábio e a confecção de mapas mais precisos permitiram que os navegantes se aventurassem a empreender viagens por mares nunca antes navegados. Diversos viajantes alargaram o horizonte conhecido. A descrição geográfica, o mapeamento e a cartografia, tiveram um grande avanço. Era a época das grandes navegações. Os relatos dos viajantes que voltavam das novas terras descrevendo o clima, a vegetação e os povos, denominados de trabalhos geográficos, eram estudos variados e tinham um caráter apenas descritivo. Por isso, até o final do séc. XVIII não se pode falar em geografia como ciência.

Geografia e Produção do Espaço

Geografia é a ciência do cotidiano que visa despertar no aluno competência que permitam a análise da realidade entendendo as causas, os efeitos, a intensidade, a heterogeneidade e o contexto espacial dos fenômenos que configuram cada sociedade.

Geografia e Produção do Espaço

O pensamento geográfico se desenvolveu junto com a necessidade de compreensão do mundo, ou seja, ao mesmo tempo em que a sociedade humana evoluía. Por sua vez, a compreensão de mundo se completou com o desenvolvimento da tecnologia. Este permitiu a expansão da humanidade pelos diversos continentes ampliando o conhecimento e possibilitando um maior domínio dos espaços.

O conhecimento geográfico e o desenvolvimento da Ciência geográfica estão ligados à história da humanidade, à história de suas ideologias, da apropriação e da organização territorial de suas conquistas e de suas lutas pelo poder. O espaço em diferentes contextos sociais e históricos é o objeto de estudo da geografia.

A geografia é a ciência do cotidiano, por isso, quão importante é a atitude consciente, participativa, cooperativa e crítica do cidadão, para a manutenção da saúde do espaço geográfico ocupado pelo homem.